Uma simples ligação telefônica pode levar você a um universo único de poesias. O projeto Dial-A-Poem chegou ao Brasil e traz 181 gravações, com poemas que têm como recorte do erotismo à sensualidade.
As obras foram escritas por diversos autores e autoras, como Hilda Hilst, Conceição Evaristo e Carlos Drummond de Andrade. Além do português, eles também podem ser escutados nas línguas indígenas ticuna, guajajara, baniwa e alemão.
As poesias foram gravadas por 54 artistas brasileiros, com nomes de peso como Maria Bethânia, Amara Moira, Arnaldo Antunes, Ana Martins Marques, Denilson Baniwa, Eucanaã Ferraz, Fabrício Corsaletti, Gregorio Duvivier, Nuno Ramos, Reinaldo Moraes, Roberta Estrela d’Alva, Trudruá Dorrico e Veronica Stigger.
Para escutar as seleções de graça e a qualquer momento, as pessoas moradoras de qualquer lugar do Brasil podem ligar para 0800-01-76362. Quem está fora do país, deve ligar para o número +55 (11) 5039-1344. O projeto está no até 15 de março.
Essa é a primeira vez que o Dial-a-Poem chega a um país da América Latina. Fundado nos Estados Unidos e idealizado pelo poeta americano John Giorno, ele já teve edições na França e no México.
No total, o Dial-A-Poem inclui 293 gravações feitas por 135 pessoas ao redor do mundo. A inspiração de Giorno surgiu após observar artistas como Andy Warhol e Robert Rauschenberg expandirem suas práticas visuais para outros meios, como filmes, performances e instalações.
Em janeiro de 1969, ele reuniu dez telefones e secretárias eletrônicas de tamanho industrial na Architectural League of New York, primeiro local que abrigou e apoiou a versão inicial do projeto, que trazia poemas nas vozes de 35 escritores, como William Burroughs, Patti Smith e Frank O’Hara.
Em 1970, as gravações foram conectadas a telefones nas galerias do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) e a uma linha de telefone pública. O número de poetas passou de 35 para 55, chegando a 700 poemas lidos.
Além de poemas, podiam ser escutados mantras budistas, discursos de membros dos Panteras Negras e um trecho da peça 4’33", do compositor John Cage.
O projeto foi descontinuado em 1971, após ter recebido milhões de ligações. Giorno foi investigado pelo FBI por sua “arte subversiva”. Em 1970, John Hightower, diretor do MoMA à época, notou que alguns dos agentes do FBI chegaram a passar um dia no museu escutando gravações nos telefones.
O Dial-A-Poem retornou ao MoMA por um período em 2012 e depois em 2019 com mais de 135 participantes que liam poemas.
Fonte: Instituto Tijuipe