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CARNAVAL - Municípios cancelam carnaval de rua e promovem alternativas digitais
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Publicado em 13/02/2021

As festividades de carnaval estão suspensas neste ano de 2021 em diversos municípios brasileiros. Eventos tradicionais não vão ser realizados em virtude da pandemia da Covid-19 e da necessidade de evitar aglomerações. Os impactos culturais e econômicos dessas medidas são grandes. 

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estimou que o feriado movimentava cerca de R$ 8 bilhões em 2020 em atividades turísticas. Embora não seja simples minimizar os danos, eventos on-line e opções de ecoturismo surgem como alternativas para o momento atípico.

O cancelamento do carnaval é a realidade deste ano em municípios como Rio de Janeiro (RJ), Recife (PE), Barreiras (BA), Caldas Novas (GO), Ouro Preto (MG) e várias regiões que chegaram a contar com festas centenárias. Marcelo Guedes, pesquisador do Think Tank cRio ESPM, é especialista dos estudos dessa tradição e calcula os impactos com grandes proporções. 

“Isso é um grande prejuízo para os municípios. Hoje, estamos falando em bilhões de reais em arrecadação em cidades de todo o Brasil. O que não pode acontecer é aglomeração. Todos nós do mundo do samba somos unânimes em falar sobre esse risco”, pontua.

Na avaliação de Marcelo, os caminhos para manter as tradições culturais ativas estão nas ferramentas digitais. “Esse momento acaba se resumindo a festejos on-line, que estão usando todas as plataformas para apresentar shows da velha guarda, shows com sambistas, grupos de samba, baile à fantasia para as pessoas mostrarem seus apetrechos em casa, pelo Zoom.”

Prefeitos e secretários enfrentam ainda dilemas em relação ao comércio no carnaval. Em Caldas Novas (GO), as festas foram suspensas e as atividades econômicas terão funcionamento com restrições. “A prefeitura municipal não fará evento nenhum esse ano respeitando a questão da pandemia. Pela condição turística do município, não poderíamos fechar a cidade, prejudicar o andamento das atividades comerciais. Então, dentro de uma responsabilidade, em que estaremos fiscalizando, pedimos ao comércio e à sociedade que sigam as normas de proteção”, solicita o prefeito Kleber Marra.  

O município publicou um decreto que proíbe a comercialização de bebidas alcoólicas entre 22h às 6h e limita em 70% a taxa de ocupação de hospedagem em toda a rede de hotelaria de Caldas Novas. Em Ouro Preto, região mineira também procurada por turistas nesta época, o Comitê de Crise Econômica foi chamado para buscar soluções para o funcionamento do comércio, em conjunto com entidades do setor, como a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH).

Economia e cultura

O setor cultural amarga a crise financeira e a impossibilidade de ações neste carnaval de 2021. Em Recife, a prefeitura criou o Projeto de Lei Auxílio Municipal Emergencial (AME - Carnaval do Recife), que destinará mais de R$ 4 milhões para benefício de mais de mil agremiações e conjuntos, alcançando 27 mil pessoas. 

A região calcula cerca de 160 agremiações e 900 atrações artísticas, entre cantores, bandas e orquestras, que participaram da programação de 2020 e não puderam ir às ruas neste ano. É de Pernambuco uma das festas mais tradicionais do País, com origem secular, o Maracatu Nação Raízes de Pai Adão. 

Jorge Carneiro, diretor do Nação Raízes, lamenta a única pausa nos mais de 150 anos de comemorações, que vêm da fundação do candomblé mais antigo do estado. “Temos encontrado muitas dificuldades na pandemia. Não recebemos alguns auxílios que estão travados. O trabalho agora é de juntar forças para, no próximo ano, fazer um trabalho dobrado, cheio de alegria. O momento é de se cuidar nesta pandemia e voltar com toda a força, toda a garra, energia e o brilho que é o carnaval de Recife”, conta.

No mesmo estado, Khetylley Romana, moradora de Nazaré da Mata e diretora do Maracatu Águia Misteriosa, também junta forças para 2022, mas convida o público para as apresentações on-line de 2021. “Aqui na cidade, temos um total de 16 maracatus. Hoje, nosso objetivo é mostrar nosso brilho, nossa tradição para quem ainda não conhece. Ainda bem que temos outros meios de comunicação para mostrar isso.” 

Outra ação para minimizar os danos veio do Rio de Janeiro. A prefeitura lançou a ação “Blocos de Rua Unidos Pelo Distanciamento”, na Lapa. A campanha visa conscientizar a população para que não haja aglomeração no período do carnaval e pretende arrecadar fundos para auxiliar 18 blocos carnavalescos que estão sem essa renda da folia.

A Confederação Nacional de Municípios (CNM) lembra que o feriado nacional envolve diversos setores produtivos dos municípios, como hotelaria, gastronomia e comércio de bebidas, papelaria e acessórios, e sugere promoção de atividades alternativas para o turismo, como as lives que despertem a curiosidade do público e incentivam futuras visitas, e o ecoturismo em locais que contam com atrativos naturais, respeitando todas as exigências de biossegurança.

Para foliões

Fernanda Lopes, jornalista brasiliense, diz que ia às ruas todos os anos de fevereiro, mas começou o isolamento após o carnaval de 2020. “Sou uma foliã assumida, todos os anos me preparo com fantasia, maquiagem, tudo. É triste não poder brincar e me divertir esse ano”, diz. 

Como as viagens representam risco neste momento de pandemia, aproveitar a festa em casa é uma possibilidade.  As lives que eram comuns no começo do distanciamento do ano passado podem voltar às boas programações neste ano. O Brasil 61 separou uma lista de eventos virtuais no feriado, como uma festa virtual com Preta Gil, Péricles, Bell Marques e Jota Quest, no dia 12 de fevereiro. 

Todos os links, dias e horários serão postados nas nossas redes sociais nos próximos dias. Para quem quer curtir músicas a qualquer momento, há também a playlist do Spotify “Vai ter carnaval, sim!”, criada pela nossa equipe e aberta ao público.



Fonte: Brasil 61

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